quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Entrevista da Anna Tardos para a Revista Educação Infantil



Antes de começar a conversa com EI, Anna Tardos pede para folhear a quinta edição da revista, que tem os bebês como tema de capa. Provavelmente porque eles são o centro de um complexo trabalho realizado desde 1946 em Budapeste (Hungria) e que a psicóloga passou a dirigir como sucessora de sua mãe, a médica pediatra Emmi Pikler (1902-1984). No Instituto Lóczy, criado por Pikler para atender crianças órfãs ou abandonadas após a Segunda Guerra Mundial, a médica liderou estudos sobre o desenvolvimento dos bebês e a conduta dos adultos responsáveis por essas crianças. Ela deixou como legado uma sequência detalhada de ações que os profissionais podem adotar no cuidado cotidiano dos bebês, de modo a garantir seu crescimento em condições físicas, psicológicas e afetivas saudáveis.

Lóczy, que é o nome da rua onde a instituição foi erguida, é hoje chamado Instituto Pikler e não é mais um orfanato, mas uma creche, onde mesmo após as mudanças continua uma intensa atividade de pesquisa sobre a infância. Em viagem ao Brasil no mês de agosto, Anna Tardos fez uma palestra sobre a abordagem Pikler para profissionais de educação infantil em Santo André, na Grande São Paulo.

Na véspera do encontro, organizado pelo Centro de Estudos para a Valorização da Infância e seus Direitos (VID), a psicóloga concedeu a entrevista exclusiva a seguir. Ela fala sobre a importância do trabalho de Emmi Pikler na liberação dos movimentos do bebê e na elaboração de uma verdadeira coreografia de como o adulto deve agir durante os cuidados. Indica como o educador pode reconhecer as competências da criança pequena de modo a orientá-la para a autonomia e explica as diferenças entre as relações de cuidado na família, no abrigo e na creche, entre outros temas que têm interessado cada vez mais instituições brasileiras de educação infantil.

No ano passado, durante o Congresso de Educação Infantil em Barcelona, a senhora fez uma conferência sobre a conquista da liberdade. Como se pode proporcionar liberdade aos bebês?O bebê está em uma situação paradoxal, porque para sobreviver ele é dependente do adulto. Não pode se mexer, ficar de pé, não pode se vestir, se proteger contra o frio, não pode preparar a comida e não sabe muitas coisas que os adultos sabem, principalmente o recém-nascido, mas também o de 2 e 3 anos. E o adulto vê só um lado da vida da criança. As pesquisas científicas pouco a pouco provam que mesmo o pequeno bebê tem competências: ele não é passivo, mas influencia o adulto com a sua dúvida, seu olhar, seu choro ou sorriso, ao cooperar ou não cooperar. Desde o primeiro momento ele é curioso, olha, faz suas experiências com a cabeça, olha suas mãos, perde, busca. Ele é um verdadeiro pesquisador e assim vai influenciando pouco a pouco o adulto. Muitos pais, não em todas as áreas, mas na área emocional, se esforçam para entender o que o bebê está tentando expressar. Mas nos estabelecimentos de educação isso não funciona tão facilmente. A liberdade para mim é dar o espaço, assegurar esse outro lado que é característico do bebê, que é dar-lhe a possibilidade de agir e viver espontaneamente, e não apenas como um espelho do adulto.

Estudos de acompanhamento apontam que as centenas de crianças órfãs atendidas pelo Instituto Lóczy, com base nos ensinamentos da pediatra Emmi Pikler, sua mãe, se tornaram adultos com personalidades saudáveis. A quais fatores isso se deve?Eu gostaria de, antes de responder isso, falar um pouco mais sobre o início do Instituto Lóczy, para exemplificar toda a originalidade do pensamento e do trabalho de Emmi Pikler.

Certo.

Ela tinha uma visão aberta de levar as crianças a serem ativas e autônomas. O mais visível está nos movimentos. Há 100 anos se colocava a criança de pé, se forçava a criança a determinadas posturas, ela era colocada em cadeiras e amarrada. As crianças eram completamente imobilizadas. Quando Emmi Pikler propôs, então, deixar a criança deitada de costas sobre uma superfície e de barriga para cima, ela liberou os movimentos do bebê. Ele não vive passivamente, fechado, enrolado. Ele pode seguir seus interesses e, assim, não é necessário a todo o momento provocar o bebê a fazer alguma coisa.

E em relação aos cuidados?

É a mesma coisa durante os cuidados. Faz 100 anos que fazemos os cuidados muito rapidamente porque é algo da rotina. Então o adulto é pressionado a fazer tudo muito rápido. Emmi Pikler disse: “pare, olhe primeiro a criança, veja se ela abre a boca ou não, coopere com o bebê, fale com ele”. Tocá-lo, fazê-lo se mexer, colocar alguma coisa em sua boca são procedimentos muito íntimos, são os momentos mais importantes da vida dele. E, se fazemos tudo isso muito rápido, é como fechar o bebê na passividade; ele não tem espaço de agir, de se expressar. Portanto, nas duas situações, Emmi Pikler deu ao bebê liberdade de ser, de existir e de ser aceito. Durante dez anos ela trabalhou como pediatra com famílias, dando conselhos concretos de como ajudar essas crianças. Não é unicamente deixá-los. É uma situação paradoxal: nós vemos que o bebê está à vontade por ele mesmo, mas é o adulto que permite, somos nós que organizamos a sua vida – seu entorno, sua roupa, seu lugar e, sobretudo, a sua segurança emocional. A criança é ativa e interessada se tem o prazer de viver. E ela só tem prazer de viver se for bem cuidada, e se quem cuidar dela tiver apego. Sem isso, nada funciona.

De que forma Emmi Pikler organizou esse trabalho?

Ela fundou o instituto em 1946, recebendo crianças em pequenos grupos e não 15 ou 20. Ela viu na Ucrânia dormitórios de 50 crianças. Então ela formou pequenos grupos, de dez, oito crianças, e propôs a estabilidade do adulto. Um adulto trabalha sempre com o mesmo grupo; três pessoas ou quatro por grupo, porque alguns trabalham menos. Mas a equipe era a mesma durante anos. E é necessário organizar uma estrutura: pequenas unidades, estabilidade, para a criança e o adulto se conhecerem. Então o adulto sabia que amanhã e depois de amanhã ele sempre cuidaria de determinada criança. E pensava: “eu sei como acalmar essa criança hoje, porque eu estava ao lado dela ontem”. Ela elaborou uma coreografia de como o adulto deve agir durante os cuidados. Porque nós não podemos dizer para a educadora que ela deve amar a criança, como a mãe. Ela não podia escrever que a educadora tem de amar. Não podemos dizer que deve ser gentil. Afinal, o que é ser gentil? Emmi Pikler trabalhou os detalhes. Por exemplo: não é possível pegar um bebê sem dizer “olá, eu estou aqui, eu vou te pegar”. Não é permitido pegar e puxar o seu braço e fazer tudo rápido. Tem de falar, como quando nós falamos com as flores: “O que você está fazendo? Eu vou te levantar pelos braços. Eu vou te alimentar”. O bebê escuta atentamente, ele é humano, muito sensível. Se ele escuta o adulto, é mais fácil para ele aprender a falar. E para isso tem de dar tempo.

Qual deve ser o equilíbrio entre o livre brincar e o estímulo?No abrigo, as crianças foram cuidadas para brincarem livremente em um grande parque e nunca pensamos em estimulá-las o tempo todo. Se uma criança não é ativa durante a jornada, vamos pesquisar o que está acontecendo entre a criança e o adulto. Observamos como a educadora dá de comer, como faz a higiene, se é um prazer para essa criança ser cuidada... É outra lógica. Em geral, as crianças dos abrigos não se desenvolvem tão rapidamente quanto as crianças das famílias. Então as educadoras estimulam: você pode brincar com isso, pode caminhar. Elas estimulam que essas crianças sejam como as outras crianças.

Qual a importância do registro nesse processo?

O educador precisa preencher um caderno sobre o desenvolvimento de cada criança. Todo mês, são páginas e páginas sobre o bebê: aos 6 meses, aos 7 meses, 8 meses. Sempre tem um questionário sobre todos os detalhes. Para preencher esse caderno de desenvolvimento, é preciso refletir cada mês na sua casa ou ao meio-dia enquanto as crianças comem ou dormem: como é essa criança? Como é a nossa relação? Como é a relação com as outras? Ela age diferente quando alguém vem nos visitar, quando alguém nos observa? Qual a comida de que ela gosta e de que ela não gosta? Qual é a melhor fruta? Come pouco ou muito? Essa observação se torna uma atitude. E isso foi observado durante anos. Uma educadora me disse “eu vejo até com os meus dedos”. Quando há um conflito, ela já sabe o que tem de fazer para que aquilo pare.

No artigo “Estar com bebês”, a senhora afirma que é impossível uma educadora amar todas as crianças com quem convive diariamente. Por outro lado, as ações de cuidado detalhadas no texto incluem o diálogo por meio de gestos, olhares, fala e a atenção a movimentos bruscos, que são traços de afetividade...É uma questão muito difícil de explicar. A boa educadora não é a mãe. Para a mãe, o filho é seu presente, sua história e o seu futuro. Mesmo sendo mais velha, ela continua sendo a criança da mãe. Sou mãe de três filhos... Eu sou a mãe e eu continuo falando “você não colocou o casaco” e meu filho já tem três crianças. E ele fala “mãe, eu sou adulto”. Mesmo eu tendo netos, ele continua sendo meu filho toda a vida. Em um abrigo – porque na creche é diferente – aquela não é a minha criança. E é preciso preparar a criança para voltar a ter uma família. Esse amor é terapêutico, profissional. A criança não é minha para toda a vida. Não se pode fechar a criança. Se alguém fechá-la, ela vai ser inquieta e, se o adulto precisa se ocupar de outra criança, então ele precisa de espaço. E a outra criança vai sentir falta quando esse adulto não estiver lá.

É uma “afetividade profissional”?

Essas questões e observações são muito complicadas de descrever. Se escrevemos sobre isso, há muitos mal-entendidos depois. E as educadoras amam essas crianças. Elas têm as fotos dessas crianças, elas têm um afeto controlado. A mãe também tem de se controlar, mas a educadora deve ter consciência da observação e de atividades terapêuticas para ajudá-la a refletir mais e não só procurar fazer com que a criança a ame. É uma questão de empatia e responsabilidade. “Eu sou responsável por você. Você estava muito mal quando chegou aqui e agora você pode brincar, tem prazer de viver. Você é muito importante na nossa vida. Você já pode estar com uma família, ou de origem ou adotiva.” É muito difícil e elas choram, porque essa separação não é simples, já que o amor tem de ser controlado. Se a cuidadora não faz esse trabalho, ela não é capaz de se ocupar de outra criança depois, porque é como se tudo o que ela ofereceu fosse embora junto com aquela criança que foi morar com uma família.

E na creche, como se estabelece e qual a importância dessa relação de afetividade?

Na creche é mais fácil de controlar. Basicamente porque na creche a educadora é responsável, amiga, mas não rivaliza com a família. No orfanato é diferente: a criança não tem a mãe. Mas a professora sabe que mesmo que a mãe não vá visitar, essa mãe existe e a criança não pode ficar muito tempo no abrigo – tem de ir embora para uma boa família ou retornar para sua família. Mas a criança só vai ter sucesso se ela tiver um bom equilíbrio emocional. Muitas crianças quando vão viver com as famílias perturbam, não conseguem ser amadas. Completamente diferente é entregar à família uma criança que está bem fisicamente e psicologicamente. Não podemos nunca pensar que um abrigo vai ser melhor que uma família. Por outro lado, há famílias que não podem funcionar, porque têm atitudes com as crianças que não podemos deixá-las ter e é por isso que existem os abrigos. Mas, depois de passar pelo abrigo, é preciso achar uma família para a criança. É impossível entender tudo rapidamente. Devido a essa complexidade, nós precisamos de anos de experiência para começar a entender.

Camila Ploennes
Revista Educação Infantil
Editora Segmento

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Artigo: "Quando nós tocamos o corpo do bebê"

Segue abaixo uma pérola da internet. Esse texto foi escrito pela Associação  Pikler-Lóczy da França e foi publicado na revista Spirale 3/2008 (n˚47) p. 203-209.

 Não sabemos quem fez a tradução, nem quem disponibilizou o artigo na internet, mas agradecemos desde já o esforço!

A associação Pikler Lóczy da França propõe uma reflexão sobre a criança que se apoia sobre os trabalhos de Emmi Pikler, pediatra, e sobre a experiência de Lóczy, berçário que fundou em 1946, em Budapeste, na Hungria, nos propõe textos fundamentais e contemporâneos, para aprofundar a visão atual sobre o bebê e as crianças jovens , e promover as idéias piklerianas. Foi Judit Falk, pediatra e ex-diretora do Instituto Pikler que inaugurou a Spirale.



Quando nós tocamos o corpo do bebê...
Associação Pikler Lóczy da França por uma reflexão

Às vezes educadores, psicólogos, pedagogos parecem se esquecer que a criança tem um corpo e não ‘pensa’ senão com suas emoções, suas relações interpessoais, suas capacidades e aquisições motoras e cognitivas (relativas ao que ela sabe ou ao que ainda não sabe).
Quanto aos pediatras interessados nas etapas do desenvolvimento da criança, eles estudaram essencialmente o desenvolvimento somático e negligenciaram o psiquismo. Hoje, numerosos pediatras procuram considerar, ter em conta, corpo e psiquismo quando tratam, por exemplo, certos problemas alimentares, a asma, etc... refletindo notadamente em termos de doenças psicossomáticas.
   Além disso, mais e mais psicólogos, pedagogos e educadores consideram que o bem-estar físico, que depende de inúmeros pequenos detalhes, é uma condição fundamental ao exercício de funções propriamente psíquicas.
 Entretanto, ainda prevalece um enfoque das necessidades do bebê como puramente psicológicas e dos cuidados corporais como puramente sanitários. Porém, nesta idade, o fisiológico e o psicológico não estão ainda distintos ou somente começam a sê-lo.  De fato, essas necessidades e a sua satisfação situam-se dentro de um campo psicológico complexo. O potencial inato da criança comporta uma tendência ao crescimento e ao desenvolvimento, mas o crescimento não poderá existir senão sob certas condições, sobretudo de cuidados de boa qualidade, durante todo o desenvolvimento.
 Por cuidados de boa qualidade se entende não somente os cuidados corporais executados pelo adulto, mas também a atenção que este dá às condições do meio (do ambiente), à necessidade de segurança afetiva e de atividades do bebê e às modificações do meio ambiente (do entorno), que devem também evoluir, modificar-se, em função do desenvolvimento do bebê. Esses cuidados de boa qualidade favorecem a tendência inata da criança a conhecer e habitar seu corpo, a ter prazer, a obter conhecimentos a partir de suas funções corporais e a aceitar os limites impostos por sua pele, segundo os termos de Winnicott, “esta membrana que separa o ‘eu’ do ‘não eu’”.
A noção do corpo próprio se constitui progressivamente desde o início da vida, dentro de um processo de desenvolvimento complexo. Segundo Wallon, ela precede os outros processos da psicogênese, pois não há o que esteja, como ela, mais imediatamente na confluência das necessidades interoceptivas e das relações com o mundo exterior, nem mais indispensáveis aos progressos futuros da consciência.
A criança pequena, desde o nascimento, consegue conhecer seu corpo essencialmente de duas maneiras: através de tudo o que se passa com seu corpo, quer dizer, pela atividade de seu próprio corpo, e por tudo que é feito com seu corpo e para seu corpo quando é pego, carregado, alimentado e lhe são dados outros cuidados corporais.
A visão e as experiências dos corpos dos outros, além de outros fatores, interferem igualmente nessa descoberta,  mas as experiências adquiridas graças ao próprio corpo nos parecem primordiais.
9 Esses dois aspectos, aquilo que ele faz e aquilo que é feito com (e a) seu corpo são interdependentes, dificilmente dissociáveis. Mas este artigo só se ocupará do segundo aspecto, quer dizer, daquilo que acontece ao corpo de uma criança pequena, visto que consideramos ter importância primordial os cuidados corporais e em tudo o que se passa entre a criança e o adulto, durante os cuidados.
10 Todos aqueles que conhecem um pouco o trabalho de nosso instituto já sabem que nós consideramos os momentos dos cuidados corporais como os mais importantes e os mais íntimos da interação adulto-criança.
11 Nós pensamos que o bebê, na medida em que ele teve um momento de intensa segurança durante os cuidados, pode em seguida aproveitar as possibilidades de atividade nas quais o adulto não intervém diretamente, e se voltar com interesse e alegria para o mundo exterior.

QUALIDADE E EFEITOS DOS <<BONS CUIDADOS>>
O bebê irá se conhecer e conhecer o adulto durante esses cuidados, até a satisfação de suas necessidades corporais. No início, o bebê sente estas necessidades apenas como uma forma desagradável de tensões indefinidas e de sofrimento. Ele ainda não “sabe” que tem fome, que tem sede, que tem calor ou frio, ou que alguma coisa lhe faz mal. Em seguida da satisfação de suas necessidades, ou mais exatamente em seguida à maneira com que o adulto põe fim às suas tensões, o bebê aprende a sinalizar, e depois a reconhecer estas necessidades, e, finalmente, a exprimir ele mesmo, de maneira cada vez mais cheia de nuances, suas necessidades, suas próprias exigências, por relacioná-las com sua satisfação, e depois da satisfação, com o sentimento de contentamento.
13 Para fazer uma descrição simples desse processo de aprendizagem, pode-se dizer que a criança aprende a exprimir suas necessidades por que ela teve experiências repetidas em que o adulto a  livrou de suas sensações desagradáveis, pois reconheceu os sinais emitidos pela criança e respondeu adequadamente.
14 Essas experiências levam a criança a associar a cessação de suas tensões, da fome, da sede, do frio, etc.., aos sinais emitidos por ela mesma e ao adulto que responde às suas necessidades. Seu sentimento de segurança psíquica está ligado ao adulto e, também como conseqüência, seu sentimento de segurança afetiva.
15 É pela expressão de suas necessidades, e pela resposta que recebe, que o bebê aprende a perceber qual é a necessidade, quer dizer, que ele tem fome, que tem sede, etc.., e  que ele aprende também que é ele mesmo, sua própria pessoa, quem  tem fome, quem tem sede. Ao mesmo tempo, ele compreende que, embora seja o adulto quem põe fim às suas tensões, ele pode contribuir se der os sinais adequados.
Se, durante os cuidados, o adulto der sem cessar uma atenção particular aos sinais do bebê, e se os levar em consideração para lhe oferecer as refeições, para andar, banhar, vestir ou desvestir, ele cria, desde o início, a possibilidade de que o bebê, por sua vez, “intervenha” no processo dos cuidados e na maneira pelas quais esses cuidados serão satisfeitos, notadamente em relação à duração e ao ritmo da refeição, à quantidade e à temperatura da comida, ao ritmo dos movimentos durante o vestir, o despir, à quantidade e à temperatura da água do banho, etc.
17 Se a criança tiver confiança na possibilidade de influenciar naquilo que ocorre com ela, se puder sentir-se sujeito participante e não objeto manipulado, isso irá reforçar seu sentimento de eficiência e de competência.
Um compartilhamento nas atividades dos dois parceiros, um verdadeiro diálogo ocorrerá durante os cuidados do bebê desde a mais tenra idade, através da via cutânea e cinestésica, se ele não for jamais tratado como um objeto, precioso ou não, mas sim como um ser humano que sente, observa, registra e compreende (ou que compreenderá, se lhe for dada a oportunidade), se as palavras e os gestos não forem simplesmente “gentis”, mas se eles testemunharem a consciência permanente que a criança é sensível a tudo o que lhe acontece e não pode ser manipulada em função do que é cômodo para o adulto.
Graças a esse diálogo, o bebê constrói cada vez mais  maneiras de emitir sinais capazes de influenciar os acontecimentos que lhe concernem. Por sua vez, o adulto descobre, sempre, cada vez mais meios, seja para comunicar sua intenção de uma maneira compreensível à criança, seja para adaptar sua atividade às necessidades expressas pela criança, seja para obter que a criança participe voluntariamente daquilo que lhe é proposto.
20 O desenvolvimento da função de comunicação, assegurado pela atividade comum compartilhada no decorrer dos cuidados, é facilitado pelo fato dos cuidados representarem uma série de ações que se repetem cotidianamente. Eles ocorrem com uma repetição de gestos similares, dentro de uma sucessão idêntica, acompanhados por palavras adequadas, quase que iguais, que sinalizam à criança a continuação previsível dos gestos do adulto e lhe permitem antecipar o gesto e o acontecimento posteriores. Isso a ajuda a não aceitar os cuidados de maneira passiva e, ao contrário, a prepara a ser parte ativa dos acontecimentos.
No decorrer dos cuidados corporais de boa qualidade, a compreensão está sempre presente, além da alegria mútua e de um diálogo corporal que corresponde à necessidade de segurança física da criança. A qualidade dos gestos do adulto tem um profundo impacto sobre o tônus, e pode-se dizer, sobre a “confiança corporal” da criança. A maneira com que o adulto lhe oferece seus gestos e acolhe os dela, lhe sugere que é ouvida e que sua pessoa é apreciada.
Segundo Winnicott, uma das angústias mais primitivas, e muito destrutiva, é a insegurança provocada por uma certa maneira de pegar ou de carregar o bebê. O termo ‘holding’, utilizado por Winnicott, engloba a maneira de carregar fisicamente, mas também tudo o que o entorno (o ambiente externo) lhe fornece ou forneceu anteriormente. Essa noção faz referência a uma relação espacial em três dimensões à qual o tempo se junta progressivamente.
Segurar bem uma criança é protegê-la dos perigos físicos, ter em conta a sensibilidade de sua pele, de sua audição, de sua visão, e de sua sensação de queda pela ação da gravidade. “Segurar” compreende todas as etapas sucessivas de cuidados que se adaptam dia após dia às mudanças da criança decorrentes de seu crescimento. Quando o bebê é levantado, carregado nos braços, colocado sobre os joelhos do adulto, colocado dentro da banheira, posto sobre o trocador ou em seu berço, etc.., deve ser absolutamente preservado da sensação de queda ou de quebra, desagregação e perda de equilíbrio.

IMPOTÂNCIA DA TECNICA DE CUIDADOS
Uma boa técnica de cuidados procura propiciar à criança o sentimento de segurança de ser pega e carregada por mãos firmes e ternas que lhe permita estar em um estado de relaxamento. Isso não significa um estado de hipotonia mas um estado de “relaxamento-tônico”, segundo Agnès Szanto. Para que fique relaxado e tonificado, o bebê deve ser levantado, segurado, carregado ou colocado sempre em uma posição que lhe seja familiar e na qual ele não precise se manter verticalmente.
25De fato, para preservar o bebê da posição vertical, que atrapalha o seu equilíbrio, é necessário levantá-lo, carregá-lo, colocá-lo, virá-lo sempre em posição alongada, de modo que ele não passe, por si só, para a posição vertical. E mais, ele não  deve ser pego ou carregado em uma postura mais desenvolvida do que já adquiriu, se ela não lhe dá ainda uma sensação de completa segurança. Quando ele é pego ou carregado, é necessário sustentá-lo de tal maneira que a maior superfície possível de seu corpo tenha um apoio firme. Quando o recém nascido é levantado ou carregado nos braços, toda a sua coluna vertebral tem necessidade de um apoio sólido e sua cabeça deve estar protegida contra o menor balanço. Ele deve ter a sensação de unidade das diferentes partes de seu corpo.
26No nascimento, o estado natural é aquele de não-integração, mesmo dentro de um clima de bons cuidados, mas estes irão permitir que a integração se estabeleça. O sujeito passa de um esta do não integrado a uma integração estruturada, e nesse estado a criança torna-se capaz de superar a angústia ligada à desintegração. Sem uma qualidade suficiente de cuidados, o jovem ser humano não tem nenhuma chance de ter um desenvolvimento normal. Uma boa técnica de cuidados previne as sensações de desintegração e de perda de contato entre a psique e o soma.
A falta de relação psique-soma engendra uma sensação de despersonalização. Há a necessidade de não mover a criança com gestos precipitados, mas sim procurar um contato visual, um diálogo vigoroso com ela, procurar preveni-la verbalmente de tudo que irá acontecer durante os cuidados, afim de que ela possa se preparar para os acontecimentos e, sobretudo, para qualquer mudança de posição das diferentes partes de seu corpo ou de seu corpo inteiro.
8 O adulto solicita uma participação ativa da criança em tudo o que acontece com ela, dentro de seu nível atual de competências. O adulto espera por alguns instantes os gestos da criança, ainda espontâneos, mais tarde voluntários, antes de executar sua ação com mãos sensíveis e delicadas.

CUIDADOS E ATITUDES PROFUNDAS DO ADULTO

A boa qualidade dos cuidados depende também da atitude autêntica do adulto: seu profundo interesse no bem-estar da criança, por todos os detalhes deste bem-estar, por todas as reações corporais, mímicas, tônicas e vocais do bebê, e sua tomada de consciência da importância dos cuidados e de suas conseqüências imediatas e distantes.
Para que os cuidados respondam às necessidades da criança, é essencial que ela possa sentir que é dela que se ocupam, de sua pessoa inteira, e não somente de seus órgãos, sua pele, suas nádegas, seu pênis ou estômago. Quando se limpam as orelhas ou se passa creme nas nádegas, o olhar direcionado e a palavra que lhe é endereçada exprimem que, se bem que o estado de sua pele, de seus cabelos ou de suas unhas sejam importantes, não somente eles  interessam ao adulto, mas todo o seu bem-estar. Toda a sua pessoa é importante. Durante a refeição, o essencial não é se a quantidade de alimento consumida aumenta ou diminui, mas o importante é que ela, a criança que come, possa sentir o prazer de comer segundo seu apetite, descobrir o prazer dos bons sabores e a satisfação da saciedade.
Parar antes de executar um gesto, para dar à criança o tempo de exprimir aquilo que ela quer, sentir se a criança aceita ou não aquilo que lhe foi proposto, partir dos movimentos da criança para utilizá-los em  tarefas que desejamos realizar, esperar o movimento da criança, permitindo agir  em harmonia com seus movimentos. Nada deve ser imposto: possibilidades são oferecidas, propostas; a criança pode sentir que o adulto fica contente quando ela consegue fazer qualquer coisa, mas que também pode sentir-se aceita e apreciada sem ter feito nenhuma performance espetacular.
32 Nós sabermos que, durante a primeira infância, as necessidades corporais e as respostas a elas desempenham um papel primordial na relação da criança com ela mesma e com seu entorno (ambiente externo); por isso as futuras enfermeiras do Instituto Pikler são iniciadas na observação detalhada e aprendem uma técnica homogênea e coerente para poder propiciar os cuidados fundamentais ao desenvolvimento do bebê.
Nosso protocolo de gestos de cuidados básicos se ajusta às necessidades da criança e visa preservar seu bem-estar. Ele assegura ao adulto a segurança de um saber-fazer, evitando hesitações, improvisações e medo de esquecer alguma coisa importante. Ele dá, também, uma segurança à criança por sua previsibilidade: ele a protege contra os gestos e os acontecimentos imprevistos, mesmo se, dentro da coletividade, forem várias as pessoas que , uma de cada vez, lhe oferecem os cuidados.
34Quando a enfermeira apreende e incorpora este protocolo, ela passa a ter uma participação corporal, gerada pela compreensão da importância da aproximação com o bebê, que lhe permite ser mais atenciosa e disponível aos sinais individuais de cada criança.
Mas tal protocolo de gestos não é suficiente para garantir bons cuidados. Ele comporta, também, alguns riscos. Se a aplicação dos gestos aprendidos não for sustentada por uma atitude atenta, observadora, pessoal e calorosa, pode-se cair facilmente nas armadilhas dos comportamentos vazios, de rotinas caricatas e em treinamentos ou condicionamentos da criança a uma falsa participação. Neste caso, o bebê não experimenta sua competência, a experiência de saber agir com o outro,  mesmo se dá a impressão de cooperar.
Ao contrário, o bebê verdadeiramente participante nos cuidados coopera com a alegria de “eu faço por mim mesmo”. Ele se dá o direito de reagir de maneira adequada às demandas dos adultos, mas também de desviar delas de vez em quando, brincando, se desligando dos cuidados para se ocupar de qualquer outra coisa, de desviar a atenção do adulto para outra coisa. E o adulto que coopera permite esse tipo de manifestação dentro do limite do possível.
37 A saúde mental de um indivíduo se edifica sobre os cuidados infantis cuja importância foi enfatizada. Quando tudo vai bem, os cuidados são a continuação aos aportes psicológicos característicos do período pré-natal, e a criança nem se apercebe se algo lhe é ofertado de modo não tão conveniente, pois está preservada. Mas se houver carência nos cuidados que lhe são dados, a criança se dá conta, não da falta de cuidados, mas do mal estar que isso lhe proporciona.
É necessário evocar um outro aspecto dos cuidados corporais cuja importância é indiscutível, o que diz respeito aos estímulos táteis e de contatos físicos entre a criança e o adulto, suscitados pelos cuidados. Acreditamos frequentemente que esses contatos se limitam a pegar a criança nos braços, sobre os joelhos, a acariciá-la. Pensamos menos nos outros contatos corporais também importantes, senão mais, que são os contatos do adulto com o bebê para realizar os cuidados.

ConclusâO
A propagação de métodos mais suaves no que concerne ao nascimento, ao parto, às tentativas para ajudar a comunicação primária entre a mãe e seu recém-nascido são iniciativas felizes. Mas se o que acontece à criança durante e imediatamente depois do nascimento é importante, aquilo que ela vive em seguida não é menos importante.
40 Se durante os cuidados com bebês, os gestos do adulto não são adequados e cheios de ternura, se forem indiferentes, rápidos e funcionais, se as  mãos do adulto que pega, carrega a criança não lhe dão um sentimento de segurança, mas trazem logo angústia e insegurança, todos os conhecimentos técnicos e toda a destreza profissional não impedirão a criança de viver esse contato com desprazer. Os cuidados e o contato corporal constituirão para ela não uma fonte de alegria, mas sim de angústia e de insegurança. Isso não é sem conseqüências para um bebê que se desenvolve no campo da família, mas ganha importância particular dentro das coletividades, creches, enfermarias, hospitais, abrigos, onde há menos possibilidades de compensação que dentro de uma família.
41 Se um adulto quer precipitar, acelerar a refeição, a troca, o vestir ou o banho, a criança não somente sentirá o caráter fisicamente desagradável dos gestos rápidos, bruscos e mecânicos, mas também o tempo que ela passa com o adulto não dará nenhum prazer, a nenhum dos parceiros.
42 Por  suas experiências ao longo dos primeiros meses e anos da vida, a jovem criança constrói a imagem de seu corpo, que pode influenciar profundamente seu futuro. Sua personalidade, a imagem que tem de si mesma, o desenvolvimento de sua auto-estima, a integração de seu papel sexual, e mais tarde de seu comportamento de adulto e de pais, serão influenciados pelos cuidados que recebeu durante a infância. Cada carência, mesmo episódica, dentro dos cuidados, provoca uma interrupção do sentimento de continuidade de ser, e por conseqüência, por um enfraquecimento do “eu”. É a qualidade dos cuidados, de seu caráter agradável ou desagradável , do prazer e do desprazer experimentado pela criança e pelo adulto que se ocupa de seu corpo, que dependerá a percepção de seu próprio corpo, de suas funções e das experiências que irão se incorporar.
43 Se o objetivo do adulto é a cooperação com a criança, ele permite a ela ter experiências de mutualidade, elaborá-las , o que contribui para a construção e ao fortalecimento de si mesma. Esses cuidados de boa qualidade conduzem a criança ao que podemos chamar de um “estado de unidade”, a criança torna-se uma pessoa, um indivíduo. Segundo Winnicott, esse “estado de unidade” favorece a emergência do seu sentimento de existência psicossomática e a engaja em um desenvolvimento pessoal único.

"Porque nesse século em que aprendemos tudo sobre como destruir o indivíduo, raros são os lugares como esse em que é possível ajudá-lo a se construir" 

                                     Trecho do documentário :Lóczy, une Maison pour grandir" do Bernard Martino                                   

Lóczy, Infância e Paz

Para quem estiver em Brasilia:

Dia 20 de novembro em Brasilia, às 14h00.

A experiência de Lóczy na formação doss cuidadores da Primeira Infancia
Oficina de 3h30, coordenada pela Sylvia Nabinger


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O valor e o prazer da conquista

" Ao longo de seu desenvolvimento, não somente o bebê aprende a ficar de bruços, rolar, engatinhar, sentar,ficar de pé, andar, como ele aprende também à aprender.
Ele aprende a ficar bem sozinho, a se interessar por algo, a tentar e experimentar, a superar dificuldades.
Ele aprende a alegria e o prazer que desperta a conquista: resultado de sua perseverança paciente e autonoma."
                                                                                                                                       Emmi Pikler 
                                                                      Trecho do livro " Friedliche babys - Zufriedene Mütter"


                                                                                                                           

                                                                                                                         Ilustração: Klara Pap

domingo, 10 de novembro de 2013

É preciso dar tempo ao tempo da criança

" O essencial é que a criança descubra por conta própria o máximo de coisas. Se nós o ajudamos a encontrar a solução de todos os problemas, nós o privamos do que é essencial para seu desenvolvimento mental. 
A criança que consegue algo por sua própria iniciativa e por seus próprios meios adquire uma classe de conhecimentos superior àquela que recebe a solução pronta".
                                                                                                                                         Emmi Pikler
                                                                                                                                         

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Mãos que cuidam e apresentam o mundo



" Conhecer um ao outro é claro que é recíproco.

Enquanto conhecemos a criança, ela aprende a nos conhecer por meio das nossas mãos.
As mãos criam a primeira relação do recém nascido com o mundo ( além do momento do aleitamento).

Essas mãos seguram o bebê, colocam ele para deitar, lavam, vestem e podem também alimentar.

Qual a diferença:
Entre a imagem do mundo que se apresenta para um bebê cuidado, tocado por mãos pacientes e atentas e assim asseguradoras e firmes, e a imagem do mundo de um bebê induzido por mãos impacientes, bruscas, pesadas e nervosas.

No início, as mãos são tudo para o bebê: o humano e o mundo.
Por menor que seja, não trate jamais uma criança de forma mecânica, não trate como um objeto sem vida. É preciso ficar atento!"
                                                                                                                                     EMMI PIKLER

                                                                               

Trecho de "Friedliche babys- zufriedene mütter"

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A qualidade do encontro entre o adulto e a criança no momentos dos cuidados corporais.




"Insistirei um pouco sobre a importância das contribuições do Instituto Emmi Pikler-Lóczy, em Budapeste. 
(...) Uma enorme atenção é dispensada nos momentos de encontro com cada criança, na ocasião dos cuidados dirigidos a ela, na alimentação e nas trocas de fraldas, por exemplo. Mas entre esses momentos – nos quais a cuidadora intervém certamente pela qualidade de sua presença (via sua função continência, sua função de verbalização e sua função transformadora no sentido bioniano do termo)  a criança vive momentos de atividade livre cuja a função é também importante. 
Não se trata de deixar a criança só, como alguns puderam acreditar. Trata-se ao contrário, de deixar a criança, ou essas crianças, ao lado desse adulto, porém sem relação direta com ele, que se encarrega nesse momento de outra criança. Durante esses momentos de atividade livre, é de fato muito impressionante e emocionante ver a criança se lançar em um verdadeiro trabalho psíquico: tudo se passa como se ela tentasse, apoiando-se nas lembranças do recente encontro com adulto, simbolizar ou pré-simbolizar esses restos mnésicos através da manipulação dos objetos colocados à sua disposição, ou até mesmo de seu próprio corpo"

B. Golse. (2003) Sobre a Psicoterapia Pais-Bebês: narratividade, filiação e transmissão. São Paulo: Casa do Psicólogo. (Coleção 1˚Infancia)

Além de ser Presidente da Associação Internacional Pikler-Lóczy, BERNARD GOLSE é pediatra, psiquiatra infantil e psicanalista. Chefe do serviço de psiquiatria infantil do hospital Necker- Enfants Malades, em Paris, professor de psiquiatria da criança e do adolescente das Universidades Paris V e Paris VII. Membro superior do "Conseil Superieur d'adoption" (Conselho Superior de Adoção), na França. Presidente do Grupo WAIMH – (World Association for Infant Mental Health) da Língua Francesa, afiliada a WAIMH. Autor do Livros: O Desenvolvimento Afetivo e Intelectual da Criança – Ed. Artmed - Sobre a Psicoterapia pais- bebê: narratividade, filiação e transmissão. Coleção Primeira Infância - Ed. Casa do Psicólogo

sábado, 21 de setembro de 2013

Um Abraço Pikleriano

Após a visita das queridas Anna Tardos e da Agnes Szantó  pelo Brasil, passando pelo Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, inauguramos a Rede Pikler Brasil!

Acreditamos que seja um marco importante para a Primeira Infância e é com grande alegria que abrimos as portas virtuais para quem queira compartilhar e divulgar a abordagem Pikler-Lóczy.

domingo, 25 de agosto de 2013